domingo, março 09, 2008

Trova de Pedro e Inês



D’um reino distante veio
A rainha de nome Constança,
Com quem, por arranjo alheio,
Pedro trocou aliança.

Quando Constança chegou
Pedro não estava animado,
Mas no seu séquito encontrou
A alma que o deixaria marcado.

O seu nome era Inês,
De Espanha veio encantar,
E Pedro, rei português
Com sua beleza passou a sonhar.

O seu amor foi curto e intenso,
A sua paixão controversa,
Pois aquele fogo imenso
Gerou malévola conversa.

O pai, assim contrariado,
Negou o sentimento do herdeiro
E decidiu deixar apunhalado
O seu amor verdadeiro.

Na quinta das lágrimas chorou
De Inês, a sua morte
E os assassinos procurou
Para lhes dar a mesma sorte.

A dois artistas da morte tirou
Os corações escuros como breu;
Um foi de frente que o arrancou,
O outro pelas costas o perdeu.

O terceiro a fuga conseguiu,
E no peso dos anos foi perdoado
Pelo rei justo que assim viu
O seu trágico amor terminado.

Pedro usou da justiça real
Para deixar Inês coroada
Como rainha de Portugal,
Talvez mesmo a mais amada.

Em todas as meninas ficou
De Inês de Castro a memória
Da aia que o rei amou
E fez sua rainha com glória.


André Carvalho e André Francisco

1 comentário:

Anónimo disse...

Cá está. Grande poema. :P