sexta-feira, outubro 28, 2011

Sorriste por entre a multidão




Sorriste por entre a multidão…
Caminhamos juntos sem pensar,
Arranjamos abrigo um no outro,
O abrigo que não queria abandonar.

Decidimos… eu o meu caminho e tu o teu,
Pensando a que outros caminhos nos iriam dar,
Entre gotas o Fado nos juntou
E voltou a juntar.

Entre caricias e cabelos nos tocámos
Longos, lisos, perfumados…
Senti tua pele macia
Senti o calor que minha alma queria.

Por muito racional que seja
Esse que acabei por não ser
Hoje sou o homem que tua boca deseja
O sangue quente… que teu quer ser.

domingo, setembro 18, 2011

Naquele banco




Estavas sentada no jardim a primeira vez que te vi.
Era Novembro, o dia era escuro, cinzento…
No banco onde estavas o sol brilhava.
Como era belo teu cabelo louro
Atravessado por uma negra bandelete
Que tão bem em ti ficava.


Teus olhos verdes fitavam um livro,
Ridícula a inveja que tenho de tal objecto.
Invejo tanto aquele companheiro que te faz suspirar,
Que vê teu sorrir,
Que te rouba o ar,
Que consegue guardar teu perfume...
O perfume que meus lábios querem provar.

À pressa saíste sem avisar,
Contigo levaste a luz daquela bela tarde,
A tarde que queria como eterna
E que efémera acabou por ficar.

domingo, maio 08, 2011

Belo pesadelo


Apareceste por entre a neblina,
Na areia em que caminhavas desenhavas luas,
Deste aos meus olhos aquilo que eles mais queriam
O rasgado sorriso que meus lábios tão bem conheciam.
No segundo a seguir senti o doce,
Era o perfume viciante...
Era droga que minha pele desejava,
Era o calor que nunca mais voltava...

Deste-me um beijo,
Trocámos o sangue e desejo,
Trocámos fogo,
Trocámos amor.
Deixei de parte o sono profundo...
Onde está o teu perfume agora?
Para onde foi ele embora?

O dia então escureceu
E não mais apareceu...
Era belo o pesadelo,
Aquele sonho que ali morreu...

sexta-feira, julho 23, 2010

No dia em que sentires o que sinto




No dia em que sentires o que sinto
Dir-te-ei onde é minha porta
Onde escondo a mala dos segredos
Segredos de um homem louco
Que por não querer pouco
Deseja teu corpo ferver.

Minhas veias levam desejo
Levam-me a lugares onde não fui
Quentes, ternos, meigos
Por entre sorrisos e olhares leigos
Para lugares onde quero crescer...

Isto tarda... tudo isto tarda...
Por isso escrevo o que não vejo,
O que não sinto,
O que não beijo...

terça-feira, janeiro 19, 2010

Seduz-me




Seduz-me teu mistério
Olhares rebeldes
Lábios de mel
Lábios com que escreves
Em traços de cinzel
Palavras a sério
Prefiro a ignorância
De não saber quem és
De onde vens...

Prefiro a ignorância
De não saber quantas faces tens

És sedutora
Serás doutora?!
Não sei mas isso seduz-me...

6 de Paus in Valetes de Copas

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Mudos



Mudos... unimos as mãos,
Trocámos caricias discretas,
Sorrisos babados
Sem frases feitas.

Atrevido fui beijando tua testa,
Brincando com teu cabelo,
Então tomou-me teu sorriso,
Fiquei petrificado, imóvel, mudo...
Sem saber que alma era esta.

Esticaste o pescoço
Desejaste meus lábios
E sem grande esforço
Deste-me mimo, dei-te ternura...
Em silêncio ficámos,
Cegos, mudos...

sexta-feira, setembro 25, 2009

Esta noite, não tem plural.


"Em segredo visito as areias da praia
Em que tu te estendes.
Em segredo te digo palavras de amor
Que só tu entendes.

Em segredo te grito o que trago no peito
E me trava a garganta.
Em segredo penteio entre os dedos cabelos
De oiro e de esperança.

No segredo da noite fui homem maduro
Lavrando em teu peito.
Fui menino brincando em recreios vadios
De um lar já desfeito.

Andei à deriva ansiando o teu sinal
Esta noite, não tem plural.

Nas bocas caladas plantámos um beijo
De fogo e ternura.
O sangue e saliva deram de beber
À nossa loucura.

E corri num abraço apertado e profundo
Para dentro de ti.

Num segundo fui rei, e no outro morri.

Esta noite, meu corpo se liberta
Num voo final.

Esta noite, não tem plural."


Alexandre Oliveira