quinta-feira, dezembro 10, 2009

Mudos



Mudos... unimos as mãos,
Trocámos caricias discretas,
Sorrisos babados
Sem frases feitas.

Atrevido fui beijando tua testa,
Brincando com teu cabelo,
Então tomou-me teu sorriso,
Fiquei petrificado, imóvel, mudo...
Sem saber que alma era esta.

Esticaste o pescoço
Desejaste meus lábios
E sem grande esforço
Deste-me mimo, dei-te ternura...
Em silêncio ficámos,
Cegos, mudos...

sexta-feira, setembro 25, 2009

Esta noite, não tem plural.


"Em segredo visito as areias da praia
Em que tu te estendes.
Em segredo te digo palavras de amor
Que só tu entendes.

Em segredo te grito o que trago no peito
E me trava a garganta.
Em segredo penteio entre os dedos cabelos
De oiro e de esperança.

No segredo da noite fui homem maduro
Lavrando em teu peito.
Fui menino brincando em recreios vadios
De um lar já desfeito.

Andei à deriva ansiando o teu sinal
Esta noite, não tem plural.

Nas bocas caladas plantámos um beijo
De fogo e ternura.
O sangue e saliva deram de beber
À nossa loucura.

E corri num abraço apertado e profundo
Para dentro de ti.

Num segundo fui rei, e no outro morri.

Esta noite, meu corpo se liberta
Num voo final.

Esta noite, não tem plural."


Alexandre Oliveira

quarta-feira, setembro 23, 2009

Acordar doí


Acordar doí
Doí o peito ao levantar
Doí a alma
Doí pensar.

De a pé a dor não pára
É como uma sombra
Acompanha meus passos
Cola-se a mim
Não me deixa andar...

Na mente está a esperança
Lenta a caminhar
Que me segue
Para pagar minha fiança.

quinta-feira, junho 04, 2009

Se o vento falasse


Se o vento falasse
Iria gabar-se de te tocar
De sentir…
Todos os centímetros de teu corpo

O que não dava para ser esse vento
Vento que beija tua terna face
Vento que atrevido te levanta a saia
Quando ninguém vê…
Vento que mexe teus cabelos a seu sabor
Que alguns até leva com ele
Como ele gosta de te arrepiar
Como gosta de te fazer voar...

terça-feira, junho 02, 2009

Adeus


"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus."

Eugénio de Andrade

segunda-feira, abril 13, 2009

Não te sei definir


Não te sei definir
És quadro abstracto
Escultura de pedra
És melodia suave
Que toca a terra

És lua em noite quente
Amor de homem louco
Tudo o que não sei dizer
Febre em sol ardente

Não há lápis que te possa escrever
Não te sei definir
Flui em mim a vontade de te ter.

6 de Paus in Valetes de Copas

segunda-feira, março 23, 2009

Que pecado fiz eu


Que pecado fiz eu
Que mereça este castigo
Raiva sinto em te ter
Guardada em memórias e em papel
Palavras deste fiel
Que deseja estar contigo

Tua face ilusionista
Alimenta a vontade de apagar
Letra a letra
A tinta que gastei
Em vão eu sei
Mas sem arrependimento

A luz cresceu
Rasgou o escuro
Cego fui em te querer
O mesmo que começou a ver

Não percebo que mal cometi
Se mortal pecador fui
Mas a mim prometi
Que ficarei sem ti

O tempo terminou
Nítido e claro ficou
Mas continuou sem perceber
Que pecado fiz eu…

terça-feira, março 03, 2009

O Tango



Chegas de vestido longo de seda,
A noite começa a ouvir os anjos cantar,
Acabava de entrar na sala seca
Uma alma que meus olhos não deixam passar.

Teu suave andar pára tudo em redor… cala o mundo,
Caminhas com um brilho no olhar,
Com ele tocas-me no fundo,
E só ali quero ficar.

Abro-te a porta e sorris,
Sigo atrás de ti sem pensar,
Fico contente e percebo que estás feliz,
E então começamos a dançar.

O Tango espalha-se no salão,
Seguimos o som dos nossos corpos
Num paço de amor que triunfa
Por entre o meu lábio e a tua mão.

Dançamos sem cessar,
Sinto este fogo de te amar.
Ali trocamos mais do que uma dança,
Trocamos um coração.

No fim ficamos sem falar,
Vemos ambos um sorrir,
Trocamos um olhar, um tocar,
Sentimos o amor no ar.

Corremos para a varanda onde a noite brilha,
A Lua fica cheia para nos iluminar,
Tocas-me com um beijo quente,
Fogo que só sente quem sabe amar.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Who wants to live forever


"Theres no time for us
Theres no place for us
What is this thing that builds our dreams yet slips away
From us

Who wants to live forever
Who wants to live forever?

Theres no chance for us
Its all decided for us
This world has only one sweet moment set aside for us

Who wants to live forever
Who wants to live forever?

Who dares to love forever?
When love must die?

But touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can have forever
And we can love forever
Forever is our today
Who wants to live forever
Who wants to live forever?
Forever is our today

Who waits forever anyway?"

Queen

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Madrugada



Como gosto de te ver dormir
Mergulhada num sono terno
Agarrada ao sonho e a sorrir.

Aí sei que estás calma
Coberta por quentes desejos
Reais por instantes
Verdadeiros beijos
Aqueles que trocamos em alma.

Continuas sorrindo ainda deitada
Não duro um segundo a dormir
Sinto em mim o privilégio
De te fazer sentir amada
De nossas mãos unir.

Acordas ainda drogada
Cresce em nós fogo quente
E mudos nos regámos
Com o forte amor da madrugada.

sábado, fevereiro 07, 2009

Não sei quanto tempo vou esperar



Não sei quanto tempo vou esperar
Quanto tempo mais irei perder?
Esperando esse olhar
Que tarda em aparecer.

Não desisto mas vou contrair
A esperança que me movia
Sem ela poderei sorrir
Pois com ela não o faria.

Aqui espero pela alma
Que meu coração vai receber
Tarde ou cedo não sei
Se esta ou aquela não sei
Estou certo sim de que ela vai aparecer.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Wander




"I recall one summer's night
Within the month of June
Flowers in mahogany hair
And smell of earth in bloom
Only such a melody
Comes without a sound
More than faintly heard by those
Who know what they have found
Now it's just a memory

Silently we wander
Into this void of consequence
My shade will always haunt her
But she will be my guiding light

Silently we wander
In search of truth and confidence
So many hopes were lost here
Along the way
From morning to night

Meet me by the wishing well
In cover of the moon
Whisper to me tenderly
That I will see you soon
Sing that song from long ago
So I remember you
Flowers in mahogany hair
And mellow days in June
Only for the memory

Silently we wander
Into this void of consequence
My shade will always haunt her
But she will be my guiding light

Silently we wander
In search of truth and confidence
So many hopes were lost here
Along the way
From morning to night

From ashes we were born
In silence we unite"

Kamelot

Quero-te




"Quero-te nua e vestida
Quero-te de mão dada
Quero-te menina a brincar comigo
Quero-te mulher deitada comigo

Quero um beijo, um carinho
Quero dormir lentamente e acordar de mansinho
Quero conhecer os cheiros da tua casa, a luz que te ilumina
Quero beijar a mulher e amar a menina

Quero a alma que me guia
Quero a luz que me segue
Quero amar-te livre de qualquer boa regra
Quero dar-te sangue quente
Quero-te morder
Quero-te toda para mim… enquanto viver."

Alexandre Oliveira

quinta-feira, janeiro 15, 2009

A incerteza está em ti



A incerteza está em ti
Por muito tempo aí vai ficar
Fico à espera do que não vivi
Custa tanto não te poder tocar.

Teu sorriso queima
Não sinto seu sabor
Quanto tempo dura mais?
Esta ferida, esta dor.

Estou certo que o dia vai chegar
E de mão unidas iremos partir
Aqui te espero encontrar
Aqui espero voltar a sentir

Corre em mim a esperança
Sinto desejo do teu calor
Não me larga esta aliança
Que foi brincadeira e não amor.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Choras




Estás agarrada a um amor
E choras…
Pareces bem com quem não te dá valor
E choras…

Sentes-te presa ao social
Enumeras teus dissabores
És aquela que é especial
Mas preferes outros amores.

Tenho pena que chores para mim
Que ames quem não sabe amar
A tua dor nunca mais tem fim
Porque não a deixas parar?

Vejo-te magoada com a dor que em ti tens
Dói-me ver-te assim
Mas espero porque sei que aqui vens
Depois de mais uma dor que não vê fim.

Esta é a vida que para ti queres
Só tenho de a respeitar
Estarei aqui quando quiseres
O teu fiel amante
Que só tu sabes amar.

Enquanto isto passam dias, passam horas…
E tu?
Choras…