sábado, maio 19, 2007

Dedicatória


Há alturas da vida em que descobrimos que muito do que nos era dito pelos nossos grandes amigos era realmente verdade. Nós temos consciência que o que nos é dito é verdade, mas não o conseguimos sentir porque muitas vezes a vida não nos dá razões para que tal aconteça.

A esperança de encontrar algo na vida que nos preencha a alma era e é sempre o nosso grande objectivo de vida.

Neste momento posso agradecer a todos os deuses de todas as religiões o quanto me sinto contente, alegre, vivo...

Finalmente sinto o coração a vibrar, a sorrir para o mundo. Existe em mim uma vontade enorme de mostrar a todos que a vida não é só feita de momentos maus e que é nos momentos especiais que encontramos a força para continuar a lutar pela nossa felicidade e pela felicidade dos que nos são queridos.

A todos aqueles que echem a minha vida de cor o meu MUITO OBRIGADO por serem o que são para mim. O mais importante da minha vida.

E nunca se esqueçam: " A vida é para ser vivida, não é para ser pensada."

Carpe Diem

sexta-feira, maio 04, 2007


Sinto-me só e só me sinto,
Está em mim um vazio
Que me mostra a falta de um mito,
Encontro-me aqui, nu e doentio.

A vida passa por mim a correr
E eu neste local a vê-la passar,
Passa por mim sem morrer,
Por isso me sinto a fraquejar.

Falta-me isto, falta-me aquilo,
Dizem-me que sou e tenho tudo,
Na verdade não estou a senti-lo,
Pois aqui estou quieto, surdo e mudo.

Tenho esperança que mostrem a verdade
E que esta acabe com a minha aflição,
Quero sentir os momentos de liberdade,
Quero sentir de novo o coração.

Namoro


"Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
E com a letra bonita eu disse ela tinha
Um sorrir luminoso tão quente e gaiato
Como o sol de Novembro brincando
De artista nas acácias floridas
Espalhando diamantes na fímbria do mar
E dando calor ao sumo das mangas.


Sua pele macia - era sumaúma...
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
Sua pele macia, guardava as doçuras do corpo tão rijo
Tão rijo e tão doce - como o maboque...
Seus seios laranjas - laranjas do Loge
Seus dentes... - marfim...
Mandei-lhe uma carta
E ela disse que não.


Mandei-lhe um cartão
Que o Maninho tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO


E ela o canto do NÃO dobrou.


Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
Pedindo rogando de joelhos no chão
Pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
Me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.


Levei à avó Chica, quimbanda de fama
A areia da marca que o seu pé deixou
Para que fizesse um feitiço forte e seguro
Que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.


Esperei-a de tarde, à porta da fábrica,
Ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
Paguei-lhe doces na calçada da Missão,
Ficamos num banco do largo da Estátua,
Afaguei-lhe as mãos...
Falei-lhe de amor...
E ela disse que não.


Andei barbado, sujo, e descalço,
Como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
" - Não viu...(ai, não viu...?) Não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.


Para me distrair
Levaram-me ao baile do sô Januário
Mas ela lá estava num canto a rir
Contando o meu caso
Às moças mais lindas do Bairro Operário.


Tocaram uma rumba - dancei com ela
E num passo maluco voamos na sala
Qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim!"
Olhei-a nos olhos - sorriu para mim
Pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim."

Viriato da Cruz